A pedra arranha os meus chinelos
de dedo que forram os meus passos
que levam todo o comboio
de um conjunto de partes descansadas
levadas de uma forma inerte
a um destino desconhecido
vagueiam no vazio infindo
a achar que estão indo certo
Perguntam-me para onde seguem
as partes imóveis do pesado corpo
respondo que eu desconheço
apenas sigo o triste comboio
que segue à luz das estrelas
nas noites em que elas despontam
com elas inventam um mapa
sem elas andam pelas sombras
Por que as estrelas? Alguém me pergunta.
Por que são românticas, assim respondo
são almas que ascenderam
são guias que direcionam
são cálidas, singelas e firmes
são altas, altivas e fortes
são livres como perdizes
seguem a sua própria rota
Quem dera eu assim seguindo
as estrelas por onde andam
eu fosse pelo mesmo rumo
pudessem navegar o mundo
andasse um roteiro vasto
pudesse escolher os dias
em que eu aparecesse ou
se apareceria
mas ando por entre ruínas
vales e montanhas sujos
sob as estrelas que não iluminam
a terra cheia de escombros.