A maior flor do mundo

24 fevereiro 2011

Crônica interna

Alguns momentos, não raros, em casa, nas nossas reflexões diárias sentimos uma saudade angustiante, que chega a machucar. Costumo a achar que é a falta de alguns momentos amor que nos derrete todos, talvez da adolescência para aqueles que já passaram dela, do “adolescer” em si. Queremos voltar um pouco, sentir a mesma sensação de alguns anos atrás apenas por segundos, vestir o mesmo Jeans 38 que não cabe mais, a mesma blusa justa, o mesmo tênis de futsal, balançar as longas madeixas que chegam a alcançar a cintura. Ter a mesma falta de preocupação daquela época, ter os mesmos momentos especiais juntos das pessoas com que passamos os maravilhosos anos .
É difícil acreditar que somos adultos, que temos responsabilidades a cumprir, e não queremos nos frustrar se não conseguirmos a uma certa altura da vida um emprego decente. Queremos a nossa liberdade de volta, os tempos de amor intenso, o olhar singelo das pessoas.
Com o tempo, vem a resiliência. As aventuras da vida nos ensinam que ser inflexível é pior, é mais fácil quebrar um objeto teso a um maleável. Existe a certeza de que tudo se transforma. Os físicos estavam certos, assim como Cazuza: o tempo não pára e leva com ele os nossos melhores momentos. Aqueles em que rimos com um amigo na calçada, falando besteira ou rindo de alguém que passa do outro lado da rua. Aquelas intrigas da adolescência, quando sabemos que as menininhas da outra turma deram em cima do nosso paquera. As notas baixas que tanto preocupam nossos pais e que para nós às vezes é vantagem contar como recuperamos.
Tempos bons os que deixam lembranças encantadoras. As aventuras às quais nos submetemos para ter o que contar, ou não... Nem sempre essas aventuras podem fazer parte do livro aberto, apenas de nossos pensamentos, de nossos segredos. É bom ter segredos, alimenta o mistério existente na alma, e nos torna mais fortes.
Esses sentimentos que não conseguimos definir ao certo fazem parte da natureza humana de sempre desejar o que não se pode ter. Lembramos do passado querendo revivê-lo, pensamos no futuro querendo que chegue rápido, e a vida é o que se passa entre o passado e o futuro. Só espero que tenhamos cuidado para não pensarmos demasiadamente nesses dois tempos ausentes.

Crônica do amor inverso

23 fevereiro 2011
“O amor quando se é sentido é inexplicável”, isso é algo de que tento me convencer quando penso no amor que sinto pelos animais, crianças, idosos e pelas plantas. Seres que por natureza são frágeis e vulneráveis a todo tipo de ação humana, que tanto pode ser boa quanto má.
Certo dia, estava em casa e lá fora chovia e ventava muito. Desci do primeiro andar onde moro pra falar com uma vizinha minha, no mesmo instante em que avistava um gatinho mesclado de preto e branco parado em meio à chuva. Entendi rapidamente o que acontecia: ele estava doente, pois conhecendo os gatos como todos conhecem, não precisa ser expert nisso, eles não gostam de água, principalmente se for fria.
Desci com a minha amiga, com um pano na mão, peguei o gato como as mãos costumam a carregá-los, pela parte de trás do pescoço e levei-o para um lugar onde não chovia, embora ainda fosse na rua. Como ele estava decrépito imaginei que dar-lhe comida poderia salvar-lhe da iminência da morte.
Assim, Andrei (o marido da minha amiga e vizinha) trouxe uma seringa com um pouco de leite e tentou colocar-lhe na boca, mas ele estava fraco ao extremo, nem conseguia engolir.
Sentia tanta compaixão e tristeza por aquele ser, tão indefeso, jogado ao meio da rua. Talvez até mais do que por um ser humano (é exatamente aqui que começa o meu dilema de culpa, pois sei que algumas pessoas podem julgar mal por isso que afirmo, mas, não posso disfarçar sentimentos), que podia pedir, roubar. Mas não entrarei na discussão de quem é mais importante ou que merece mais atenção. Qualquer que precise de ajuda ou amparo deve conseguí-lo se a medíocre e capitalista sociedade permitir.
Apenas me condói não poder ajudar. Engasgo, choro. O inevitável sempre trás sofrimento por que não somos acostumados a sermos impotentes e quando não agimos diante de uma situação corriqueira de necessidade de amparo não é por impotência, na maioria das vezes, é por omissão.
E eu, no exercício de minha vida, pequena, e não insigne recuso-me a omissão. Recuso-me. E se vocês se recusarem também poderão contribuir para um mundo mais humano.

Efêmero



Bebi,
Hoje bebi minha sede,
sede de vida e de sorte
sede de sul e de norte,
sede de morte.

Vi,
minha sede digerida,
minha vida de sorte escassa
de sul e norte descompassada
de morte, esquecida.

Ri,
da sede de vida minha
da sorte se esconder no ar
e de estar sozinha,
desmerecida.

Amei,
enquanto tive vida fina
enquanto tive sorte ainda
sei que tudo fenda
eu sei,
E sei até que já me encontrei,
Perdida, despida, eu sei!

Imagem retirada do blog: http://comincorp.blogspot.com/2010/06/o-sol-e-o-vento.html

Homenagem a uma flor

21 fevereiro 2011


A minha flor se foi
levada por uma brisa leve
discreta e silenciosamente para alimentar
a terra e completar o ciclo
singela e cálida, a minha flor secou
não pude ver
quando desfez-se de suas pétulas,
uma a uma, como num ritmo triste
a minha flor;
voltou...
depois de ter-me dado o prazer de sentir
sua essência, tê-la admirado,
tê-la na sua grandiosa existência.
A minha flor perfumou minha vida
para sempre....

FALSO POETA

20 fevereiro 2011
Não.
Definitivamente não.
Eu não escrevo poemas
Nem tão pouco poesia
Eu não sou o que dizem
Faço apenas rimas
Rimas soltas
Versos perdidos
Coisas fúteis
Pensamentos retrógrados
Não sou poeta
Sou sincera
Não crio poesias
Escrevo o que sinto
Não faço poemas,
Desabafo liricamente.

(Ângela Cláudia, 20/07/2001)
DIA

A chuva fina
Molha meu rosto cinzento
Na noite escura e fria
Chuva fina, brisa leve
Deixa que o tempo me leve
Como um granizo na neve
Que cai se derrete
No chão da noite fria
Enquanto não é dia
A lua me alumia
Até nascer o dia
E tudo então se repete
A chuva fina e fria
Um pedacinho de neve
Até o raiar do dia.

(Ângela Cláudia, 06/10/2001)

Bem vindos ao Blog

Olá amigos, bem vindos ao nosso blog. Aqui postaremos um pouco do que somos através de nossos rabiscos, cujos gêneros poderão ser os mais variados possível. Assim, fica o convite que de nos acompanhem e comentem os posts.

Abraços