Lamento

Não guarde o beijo
que lhe dei antes
não guarde nada

Não deseje de novo
salivar-me a boca
com tua essência doce

Não me abrace nunca
não me cause estática
quando do meu lado

Não aperte os braços
em volta de mim
não ouse me olhar

Deixe-me só
com meus olhos
que o virão
sempre que dobrar a esquina
ou descer as escadas.
Apenas deixe-me.

Teu corpo é um texo

Teu corpo todo é um texto
que leio linha a linha minuciosamente
e volto, e releio as partes não entendidas

as palavras que o compõem
são de toda doce
derretem-se suavemente em minha boca

como que a me molhar com licor
e mel

são palavras quentes,
delirantes, sinuosas.

são palavras de ação
que fazem correr, suar, palpitar mais rápido.

são palavras intensas, destruidoras e vorazes.

Palavras que o sentido voara.
Palavras que escorrem lentamente nos meus lábios indecisos e desejosos.

teu corpo é um texto intenso
no qual exploro a simbologia oculta
dos conteúdos secretos e geometricamente definidos

teu corpo é uma crônica morena,
que fala de amor
de desejo e loucura
e amplia a sede de minha vontade.

teu corpo é a palavra que permeia a minha boca.

Feira do Livro de Mossoró 2012

A Feira do Livro de Mossoró vem se consagrando a cada ano um evento forte e que atrai milhares de pessoas para os estandes de livros e para a programação cultural organizada pela direção.  Nesse ano a novidade é a presença do músico Humberto Gessinger da banda Engenheiros do Hawai que tem lançado livros e adentrado no mundo não tão mais exclusivo da escrita. Na abertura da feira,  a partir das 20:00 horas Humberto conversa com Robson Régis sobre o livro "Nas entrelinhas do horizonte" que será lançado na oportunidade.

Confira a programação da Feira do Livro no site: http://www.feiradolivrodemossoro.com.br/programacao-geral

Despedida

Amante despediu-se triste
do amante que a tornara linda, mulher
saiu da sala sem olhar seus olhos
para não saber como seria a despedida

Calou-se depois de um demorado beijo
pegou sua bolsa colocando-a no ombro e saiu
para não mais voltar
e depressa como quem rouba
abriu a porta para o desconhecido
e o rangido da porta abrindo
era o ultimo som dali que ela ouvia

fechou-a, deu as costas e
conforme andava as lágrimas caiam,
caiam por que ela quisera,
caiam por que tinham de cair

o ultimo namorado era moreno
olhos claros, esverdeados
quem brilhavam com qualquer raio de luz
era baixo, forte, bonito,
tanto que nem acreditara que fora seu

tanto que deixou-o ir só por achar que não o merecia
ele era tanto que transbordava e a sufocava de alegria

Deixou-se ficar só e triste
por achar que não o faria feliz
e ficou a suspirar: - Ah se ele pudesse ser meu um dia.

Deixei-me

Do gesto suave da sua mão
guardo a lembrança
de quando acenava
e ia embora

cada flash dos seus movimentos
aumentavam minha sensação de convalescência
e eu desvalecia
a cada metro percorrido
sem entender
o causa da sua ida

Deixaste-me só.
Deixei-me ficar só.
Apenas com minhas memórias prendidas.