Copa de 2014

28 julho 2011
Imagem retirada do site:http://boicoteacopa2014oficial.wordpress.com/2011/06/17/chargestirinhas/

O alvoroço que causa uma copa do mundo

Eu não quero ser uma mola ensacada individualmente


Imagem retirada do site www.palaciodeespumas.com.br


Estive lembrando a letra de uma música muito conhecida da banda Legião urbana que sei quê nem porquê me veio à mente, um  trechinho em especial “digam o que disserem o mal do século é a solidão”e, se me permito me contradizer, acredito que ele me veio à mente por que é uma queixa ou reclamação comum das pessoas deste nosso século. Não lembro de nenhum dos meus amigos que nunca tenha proferido as seguintes sentenças; “Estou tão sozinh@”, “fujo muito da solidão”, “Não gosto de ficar só” ou ainda que “O que tenho mais medo nessa vida é da solidão”.
Por que toda essa geração da informação sente que está só? Temos o mundo das redes sociais, as pessoas podem saber mais rapidamente de notícias sobre a vida das outras. Compartilhamos fotos dos nossos melhores momentos com uma grande escala de “amigos”, atualizamos em questão de segundos todos os acontecimentos “importantes” que nos rondam, postamos nossos pensamentos ou tuites de qualquer lugar que estejamos e que pegue sinal de celular. Por que tanta solidão ainda? Podemos ver pessoas e falar com elas em tempo real de onde quer que estejam. Eu por exemplo, sempre falo com um primo meu que está em Danbury nos EUA e com uma prima do meu esposo que está na Bélgica. Tantas facilidades cibernéticas e ainda não estamos nos sentindo acompanhados.
Uma análise semântica das frases do primeiro parágrafo permite que possamos aproximar essas sentenças a um único ponto de convergência: o nosso modo de vida. Renato Russo não podia ter descrito melhor o sentimento de solidão “Cada um de nós imerso em sua própria arrogância esperando por um pouco de afeição”. É o que vemos!
É de se estranhar que as pessoas se cruzem pelas ruas e não se falem, não troquem nem uma simples saudação que, além disso, é um sinônimo de cordialidade. Lembro-me que nas lições que eu aprendia com meus pais sempre alguém falava em ajudar aos outros mesmo que eles não peçam, que para sermos pessoas consideradas “boas” não era necessário esperar, era preciso ter sensibilidade para perceber o que acontece à nossa volta. Para começar uma amizade é necessário iniciativa, mas o nosso mundo de hoje, se por um lado é globalizado, por outro é excludente e extremamente individualista.
Comparo o nosso comportamento, grosso modo, com os novos colchões que o mercado especializado apresenta: “molas ensacadas individualmente”, o colchão que tem este tipo de mola vibra menos por que as molas não se “esbarram” umas nas outras, com isto a pessoa tem mais conforto ao deitar. Chamo atenção para a parte de não se esbarrarem. Nós somos as molas ensacadas individualmente por outro motivo; o medo. Além da solidão, a nossa conjuntura social sofre do medo. Medo de sair de casa, medo de ir ao supermercado a pé, medo de sair à noite, medo de passear aos domingos, medo de viver. O medo é o que nos “ensaca”, o medo é o que faz com que não nos falemos nas ruas, que faz com que fiquemos tanto tempo dentro de casa vivendo uma vida virtual. Esse medo também existe quando se fala no tempo. Parece que máximas como “tempo é dinheiro” têm destaque nessa nossa vida moderna e não podemos perder nenhum dos dois.
Se perder tempo quer dizer que perderemos horas de estudo ou podemos nos prejudicar em relação ao tão sonhado cargo ou concurso, temos medo também de perder esse tempo e então, mais uma vez voltamos para nossos sacos individuais. E então, de quem é a culpa de esse século ser o da solidão?
Minha não é, eu até gosto dela. Ao contrário de muitas pessoas eu me sinto bem só. É quando estou só que consigo pensar direito, escrevinhar crônicas como essa, tocar algumas músicas no violão, arrumar a casa. Brincar com os gatos.
Mas quando estou acompanhada eu me dôo inteira. Seja a amigos, conhecidos ou familiares. Acho que podemos administrar bem esses estados de companhia e de solidão. Os dois são bem necessários à nossa construção. Se não consigo ficar só alguma coisa anda errado e é preciso descobrir o que é.
Renato Russo também sabia lidar com isso “Hoje não estava nada bem mas a tempestade me distrai, gosto dos pingos de chuva, dos relâmpagos e dos trovões”. É possível tornar um momento solitário muito proveitoso, é possível descobrir muita coisa de nós mesmos ou ainda nos aproximar da natureza.
Mas antes, é preciso saber o que é solidão. A solidão é um estado de reencontro com nosso eu, podemos ser nós mesmos, e somos seres fora de regras sociais quando estamos sós, fora de obrigações e responsabilidades. Alguém de vocês que me lê já se imaginou sozinho no mundo? Sem ter dependentes, sem depender, sem ter de responder perguntas ou fazê-las? Sem ter de agradar ninguém ou seguir certa tendência? Isso é se encontrar na solidão.
Muita gente passa na vida sem ter esse despertar. Tem gente que não se imagina só. Não consegue viver sem fulano, sem cicrano. E assim vive uma eterna infelicidade por que coloca o sentido da vida no outro. Não vive sem o outro, vive para o outro, tem de agradar o outro.
Eu não! Eu não quero agradar ninguém. Vim a esse mundo para viver minhas vontades. Por isso passo muito tempo só. Não vou obrigar a ninguém a fazer o que quero, mas não deixo de fazê-lo por ninguém. Esse é o meu mundo, é meu e só meu. Quer viver bem? Invente seu mundo, crie seus bonecos e suas histórias e nada o entristecerá.
Voltando das divagações, muita gente me diz que só digo essas coisas por que não tenho filhos, por que não vivi ainda a maternidade. Eu acredito. Sinceramente eu acredito. Colocar um ser no mundo é uma coisa de muita responsabilidade. E pode ser que eu mude, não serei eu a contrariar a lei do tempo de que tudo muda. Mas ao menos eu soube viver um bom momento de solidão e pude me encontrar uma vez na vida. Talvez eu mude ou talvez eu não precise disso.
Afinal, eu escolho muitas das coisas que acontecem na minha vida. E se eu escolher ser assim pra sempre? E se eu não quiser mudar? Adoro meus estados de sonolência e de solidão. Mas mesmo solitária não evito de me “esbarrar” com outras pessoas, uma coisa é não se misturar, outra coisa é querer ficar por mais tempo consigo mesma.

Aniversariante

19 julho 2011
Fonte imagem: http://coisasqgosto.arteblog.com.br/240089/CHAGALL-O-ANIVERSARIO/


Há mais que uma coisa certa na vida e uma delas é o passar do tempo. É algo inevitável, inadiável e incontestável esse passar do tempo. Muitas fatos a gente pode alterar, podemos mudar de nome, de lugar, de companheiro, de sexo, mas, voltar atrás numa ação feita por nós, nunca!
É isso que torna a vida única e conforme uma frase que vem sendo publicada na internet tendo autoria atribuída a Chaplin “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. É esse caráter de insubstituível que faz com que tenhamos sempre medo de errar, mas erros fazem parte da trajetória humana, o que nos faz aproveitar melhor a vida é a capacidade de nos recompor ante as tristezas, descompassos e enganos.
Pensa-se nisso sempre, mais ainda perto da data do nosso aniversário. Por que será? Acho que é por que é uma data em que as pessoas fazem balanço do que foi feito até então. Até por que fazer aniversário é acrescentar. Acrescentar um ano a mais na nossa contagem, experiências à nossas ações, marcas no rosto, no sorriso, no coração.
Temos a dura certeza de que a cada ano vivido pode ser inversamente menos tempo a se viver. A gente nunca pensa que é um ano a mais e sim um ano a menos. A idade pode nos tirar muita coisa de que gostamos, esse é o lado pessimista de fazer aniversário.
O lado bom é o bolo, aquele gostinho do recheio que nos fazer sentir criança. É muito bom poder se sujar de bolo, lamber os dedos e comer mais só por que você é a estrela do dia. Adoro aniversário por isso, esse é o lado bom de completar anos.

Entre ser educador e populista

18 julho 2011


O educador é quem se apresenta como uma autoridade em sala de aula, seja pela sua competência ao ensinar, seja enquanto envolve os alunos no processo de aprender usando linguagem adequada, seja pelos conhecimentos que apresenta e pela atitude, esta envolvendo os aspectos afetivos

Por Hamilton Werneck


Nós não lidamos com pregos, martelos, chaves de fenda e parafusos, nós lidamos com gente em fase de formação. Os alunos, em nossas aulas, observam nossas atitudes e as copiam. O professor, sendo uma autoridade constituída pela escola e aceita pelas famílias, é o representante legítimo para continuar o processo de educação que as famílias não conseguem abarcar numa sociedade em transformações e acelerações.

Nós sabemos que nossos alunos vivem num parque de diversões oferecido pela internet, sendo algumas aulas altamente enfadonhas e com uso de tecnologias ultrapassadas. As informações que eles trazem para as aulas são enormes e podem não ser acompanhadas pelos professores. Há, no entanto, uma diferença fundamental que deve ser analisada se o professor quiser manter sua autoridade em sala de aula: as informações os alunos podem trazer, até como colaboradores da própria aula, cabe ao professor transformá-las em conhecimento por meio de tarefas que façam os alunos interagirem com esses assuntos.

É por meio dessa competência de fazê-los agir e reagir diante de uma informação que o professor possibilitará aos alunos aprender, formar juízo de valor, criticar situações e em consequência ter pelo profissional que ali se encontra o respeito que a atividade merece.

Portanto, ao educador cabe estar atualizado, independentemente de o sistema em que trabalhe possibilitar ou não a formação continuada porque, se quisermos sobreviver nessa profissão, precisamos cuidar de nossa atualização constante.


PRAZO DE VALIDADE
Vale dizer que nosso prazo de validade não ultrapassa dois anos após a faculdade. Ou nos atualizamos ou seremos forçados a buscar outras tarefas profissionais, dado que alunos um pouco mais rebeldes ou mais espertos não aceitarão nossos argumentos e os caminhos usados para ir ao encontro de um novo saber.

É nesse ponto de encruzilhada que muitos educadores, renunciando aos métodos mais difíceis de buscar conhecimento, fazem opção por uma aproximação dos estudantes graças a um nivelamento estribado nas palavras e atitudes capazes de fazer perder-se o respeito que o aluno deveria nutrir pelo seu mestre.

Nesse sentido, o uso de gírias próprias da natureza adolescente pode ter o significado de aproximação ou de nivelamento, onde o educador perde a simbologia que o cerca. Falar palavrões em sala de aula ou no recreio dos alunos, contar piadas que possam levar a constrangimentos diminui a autoridade do professor, sobretudo porque seus alunos acabarão por perder o respeito, alicerce da autoridade que a profissão requer.

Torna-se esse educador um “populista”, uma espécie de pedagogo populista que confunde nivelamento com aproximação afetiva em que os alunos, reconhecendo nele a importância das tarefas e a competência, acabam por nutrir uma aproximadora consideração.

Enganam-se aqueles que pensam que os alunos gostam desse nivelamento, sobretudo quando, na hora de ampliar um vocabulário, percebem que seu mestre não o tem desenvolvido e, sim, no mesmo grau que eles. 

BANANA NO QUADRO
Conheci uma história que meus professores contavam sobre um paciente professor de matemática de uma escola da zona sul do Rio de Janeiro na década de 60, quando não se falava em bullying. Um aluno, desejando provocar a paciência desse professor, levou para a sala de aula uma banana um pouco apodrecida e jogou-a no quadro durante o desenvolvimento de uma equação. O professor, diante desse inusitado fato, sobretudo para uma época em que a autoridade era pouco questionada, abriu um parêntese e, depois da mancha deixada pela banana, fechou-o. O causador do fato ficou tão estarrecido e envergonhado que procurou o professor ao final da aula e dele ouviu uma observação de altíssima inteligência:
— Meu caro aluno, a beleza da matemática permite conviver com situações muito complexas. Ao final da equação podemos adicionar a banana à raiz encontrada ou, simplesmente, descartá-la. — Houve pedido de desculpas e até vergonha por parte do aluno.
Esse professor demonstrou uma capacidade invejável para educar alguém. Não perdeu a paciência, não perguntou qual foi o “animal” que atirou a banana no quadro de giz nem usou vocabulário compatível com a torcida que agride um árbitro de futebol ao marcar um pênalti inexistente, numa partida empatada, nos minutos finais da prorrogação do segundo tempo.
Essa é a reflexão que os educadores precisam fazer. Nós não temos escolha, se quisermos ser educadores temos de aderir à competência humana mais evoluída e civilizada. O contrário disso pode ser apenas um populismo pedagógico que terá como conclusão a depreciação de nossa imagem e o descrédito diante dos alunos.
Retirado da revista língua portuguesa

Do meu lado de fora

06 julho 2011



deve ser estranho
me olhar do lado de fora
 assim quieta,
com olhos tristes e voz minguada

expressão de falta
amarelo sorriso
silencio cortante
ares de solidão

essa falta de luz
 que ronda meu rosto
não mostrs aos outros
o meu prateado

mas não é verdade
o que o rosto inventa
sou mais que retalhos
é só ilusão

o meu sorriso
que o rosto esconde
está bem guardado
na minha imensidão

a luz dos meus olhos
espera o instante
 o tempo perfeito
parra irromper

a minha alegria
por dentro é verdinha
é bem florescida
dentro do meu ser.