Por que mesmo não li mais?

10 março 2015
http://wiltonblackpoemas.blogspot.com.br/2014/05/gabriel-garcia-marquez-e-seus-quase-cem.html

Havia me perdido, há algum tempo, de minhas leituras tão necessárias à minha sanidade mental diante de um mundo ora simples, ora complexo de significados e significantes que parecem eclodir da rapidez com que as informações surgem a todo momento nos espaços de comunicação virtual.
Foi a visita a um blog de um amigo de faculdade que me fez relembrar o quanto estou afastada da literatura, das críticas, das obras que saem e viram sucesso (best sellers) e logo em seguida filme para que todos conheçam a obra e claro, para que vendam.
Nada mais devastador para uma alma do que a sensação de ter perdido tempo. Não são as sensações mais agradáveis para se sentir numa manhã nublada e calma na sua casa. Olhar para a estante de livros e perceber que há uma quantidade enorme deles esperando para serem lidos, muitos comprados há alguns anos e colocados sempre na fila, devido às leituras teóricas urgentes que a academia implica. Pergunto-me como isso chegou a esse ponto.  Quando foi que comecei a empilhar meus livros? Como foi que de repente não lembro a última obra literária que li e nem converso com ninguém sobre elas?
Só podem ser as ocupações! Sim, elas! Penso que é uma tarefa difícil conciliar estudos, leituras com tarefas cotidianas que vão desde as domésticas até as obrigatórias (sim, obrigatórias que podem ser as domésticas e outras que realmente temos de fazer para sobreviver, trabalhar!). No entanto, no intricado de coisas que havemos de fazer, creio que devemos mudar algumas prioridades, e reorganizar a lista.
Ler, principalmente poesia, deveria ser uma das nossas maiores prioridades. Há quanta gente por aí que sequer leu uma única poesia (verdadeiramente) na vida! E com isso, estamos acostumados a consumir apenas notícias frias e duras de uma realidade que amordaça nossos sentimentos e sucumbe de vez nossa empatia, que na minha humilde opinião, é o que falta para nós seres humanos cada dia mais desumanizados. A poesia nos resgataria de uma brutalidade da qual vimos fingindo fugir com a ciência e as artes mas que nos faz lidar com normalidade (Normalidade, por que não se faz manifesto contra essas ações mas se faz para boicotar as eleições presidências por que as medidas da atual gestão não agradam a uma certa classe que sempre se viu beneficiada em detrimento de outras mais necessitadas) com atos de barbarismo como agressões a pessoas devido às suas escolhas sexuais.

Aqui, me desafio a ler mais. Até para cumprir bem meu papel de linguista, de professora, de mulher, mãe e esposa e de blogueira, sim, o Rabiscos está de volta. É preciso criticidade e não há outra forma de tê-la senão pela leitura de grandes pensadores. Começo meu desafio com Cem anos de solidão de Gabriel García Márquez. E você, qual é a sua leitura de agora?