Acerca de coisas que fazem a diferença na vida de alguém

04 março 2012
Da última vez que fiz uma viagem a passeio, sem compromissos de trabalho, apenas por lazer, veio-me à cabeça uma coisa simples de pensar: como é bom viver! Esse pensamento não surgiu apenas pelo fato de eu estar num outro local que não a minha casa, longe de tudo o que me rodeia e numa realidade diversa mas acredito que pelo fato de num determinado momento eu conseguir enxergar coisas tão importantes no meio da simplicidade, como por exemplo que em muitos casos começar a vida com poucos recursos financeiros pode criar experiências jamais imaginadas por quem nasce em berço de ouro.
Alguém que me lê pode estar pensando: só pode ser louca! Ou ainda que digo isso sem saber da causa em si mas eu pude experienciar duas visões da vida: a debaixo da escada e aquela que se forma a cada degrau subido.

Para exemplificar bem o que descrevo acima imagine uma criança que nasce livre de todas as prisões que regulam a vida de um ser humano que vive em grupo regido por regras sociais. Todos os dias essas crianças inserem algo novo em sua vida, algo ainda não vivido, nem sentido, ela aprende que o choro pode lhe render bons resultados e que há coisas que são engraçadas e então elas riem. Ah! Como elas riem. Um riso sincero, sem segundas intenções ou interesses travestidos. Logo, com a exatidão que a ordem da natureza tem, aprendem a segurar as coisas e aprendem que para pegar outra coisa é preciso soltar algo que elas segurem. Isso somente as crianças podem ensinar. Aprendemos com elas também quando elas aprendem, e após aprenderem a segurar as coisas elas iniciam a aprendizagem de ir atrás do que se quer. Quando estão se arrastando o objetivo é chegar a algum lugar, é buscar alguma coisa. Todos precisam de um objetivo, nós, seres pensantes não fazemos as coisas sem razão. E isso é outra lição que as crianças ensinam.
Há ainda a lição fundamental da vida das crianças que nos traduz a essência do homem: o andar. Aprender a andar para uma criança assemelha-se à proclamação da independência de um povo: “agora podemos andar sozinhos”. Dar os primeiros passos é sinônimo de que uma longa caminhada ainda o espera mas já se comemora como se fosse a chegada. Segurar seu próprio corpo sem a ajuda de braços é maravilhoso, é incrível, é indescritível. O dia que finalmente não precisa-se mais de braços para segurá-lo e na descrição desse naturalíssimo processo encontra-se a explicação para quase tudo na vida: “todas as coisas aprendidas vão servir para um novo aprendizado, pois não se pode andar se não se aprendeu a manter a coluna ereta”. Há pré-requisitos para tudo na vida. Viver torna-se um eterno subir de escadas complexo em que o andar é fundamental para que se suba.
Todos os degraus de uma escada são uma cadeia, não se chega ao topo se não começar do plano mais baixo. E se não quisermos subir os degraus andaremos sempre no plano com o mesmo nível de visão que tínhamos. Comparando a vida de pessoas com recursos financeiros infindáveis e a vida de pessoas simples que sempre buscam uma melhora posso afirmar que subir me proporciona vários tipos de visão. A visão do primeiro degrau da escada é diferente da do segundo e se eu quiser ter mais opções terei de fazer o esforço da subido e assim consequentemente. E o que já fica no topo o que vê? Apenas o que a sua visão alcança, apenas sob uma lente, da mesma ótica, do mesmo ponto. A experiência dessas pessoas? Algumas sabem aprender com a vida e usam a escada a seu favor, olham pro céu, pro chão, pra escada, outros olham apenas pra frente e focada.
Não uso das metáforas pra dizer que não gostaria de nascer rica. Óbvio que sim, mas ando observando que a mídia mostra que muitas pessoas fazem tudo para chegar mais rápido ao topo e não apreciam a caminhada e ainda mostra que há muita gente com vergonha de sua origem humilde e meu dever enquanto formadora de opiniões é dizer: “ A caminhada pode ser muito mais proveitosa que estar no topo da montanha”, cada coisa conseguida com esforço tem um valor imensurável. Cada conquista individual ou social revigora os objetivos e cria-se uma nova meta.
Lembro de todas as minhas conquistas com esforço, sofridas, penadas mas, não lembro de todas as coisas que ganhei ou achei. Não fazem sentido, não criou espaço na minha memória, pois na memória só ficam as coisas que nos trouxeram alegrias. Pensem nisso quando tiverem que estudar para um concurso, para o vestibular ou fazer esforço para qualquer outra coisa. As melhores coisas da vida trazem suor junto com elas!