Às mulheres de minha vida

08 março 2012
Coisa boa é poder acordar e perceber que esteve cercado por maravilhosas mulheres ao longo de sua vida. Mulheres que suaram os rostos trabalhando em sol a pino nos idos anos 90 nos programas do governo. Que costuravam não só os tecidos a formar uma roupa mas que costuraram a vida, fizeram remendo nos buracos que causavam tristeza a todos.
Essas mulheres são as nossas heroínas, do nosso tempo e que se hoje trazem o rosto cheio de rugas trazem também a experiencia de muitos acontecidos, de saberes acumulados e de muita luta. Elas são nossas avós, nossas tias, nossa mãe, e muitas outras que adotamos como nossas. Nos enchem de orgulho quando contam as histórias engraçadas e muitas vezes sofridas pelas quais passaram e nos desconcertam quando reagem de maneira leve diante de um problema ou sorriem já tendo passado por tantas dificuldades.

Por vezes me questiono se eu teria conseguido superar os riscos se tivesse passado por metade das coisas que minha avó (mãe) Joaninha passou. O tempo da seca, a incerteza, a melhora, a vida melhor e a perda de tudo como a funaça de que desfaz. A perda de entes queridos, filhos até, fome. Ah, a fome é desoladora, e a cabeça se pergunta o porquê disso tudo, e nem resposta se recebe. O que fazer então ante as dificuldades? Elas sabem que a esperança é a salvação de tudo. Tempos melhores virão.
E se eu tivesse vivido no tempo de minha mãe? Teria aguentado a falta de estrutura da família, as relações de desfazendo em meio às dificuldades, crianças pequenas e bocas vazias para alimentar? Um horizonte de insegurança e sem perpectivas? Teria educado meus filhos e permanecido firme com tanta falta de tudo? Não!
Acredito que elas foram fortes demais. Minhas tias então...todas menores cuidando umas das outras, trabalhando em casas de família pra poder trazer alguma coisa pra casa, poder comprar um tecido pra fazer uma roupa, uma colônia, uns mimos que elas não tinham. E tantas dificuldades ensinaram-nas que são fortes, não como as pedras pois elas não resistem ao tempo nem à àgua, não como metal que derrete às alta temperaturas mas são fortes como o bamboo que é flexível e resitente. Elas são a RESILIÊNCIA em pessoa...
E mesmo tendo sido a vida àspera com elas, elas não endureceram e são as pessoas que mais admiro no mundo! Prontas a ajudar e a acolher a qualquer momento e têm alegria como eu nunca havia visto antes!