Sobre a decepção

04 agosto 2011
É triste escutar uma canção triste e sentir o que ela passa.
Saber da dor dos outros como se fosse nossa, sentir algo cortando por dentro e sangrando ao mesmo tempo.
De repente, em poucos instantes, o mundo desaparece, quando a dor é muito forte não é possível lembrar de um resquício de sorriso, a felicidade parece que nunca existiu. É triste sentir dor, mas não a dor carnal de corte na cutâneo, a dor de um calo seco ou de um ralamento, é triste a dor da decepção. É a pior dor que existe. Não tem parto, nem dor nos rins que seja mais forte.
Por que a dor do parto é recompensada com um pequeno sorrisinho que vem logo. E a dor dos rins, essa eu já tive e cá estou, viva e bebendo mais água para evitar a reincidência. Mas a dor da decepção não tem motivo, não é prevista e nem tem cura. Fica a marca, a vida toda. Não sara, se abre de quando em vez a ferida. Arranca dos nossos rostos os melhores sorrisos e deixa a melhor pessoa do mundo um trapo. Depois de mulambo ninguém é mais gente. O bom da decepção é que surgem muitos poetas, não que todos os poetas sejam  decepcionados mas grande parte deles sim. 
Seja como for, sofrer não é muito bom, não sob minha ótica. Nós éramos para vir aqui na terra, ensaiar uns passos, apresentar o show, receber os aplausos e partir para outra jornada. Nada de tristeza, nem de decepção.